Jardim Teófilo Braga: Um Espaço Histórico Renascido no Coração do Porto, um ponto de encontro que une gerações e memórias, mais atrativo, funcional e resiliente…
No passado fim de semana, o Porto ganhou um novo fôlego verde no seu centro urbano. O Jardim Teófilo Braga, localizado na icónica Praça da República, reabriu as portas ao público após mais de um ano de intensas obras de reabilitação. Inaugurado oficialmente na sexta-feira, 3 de outubro, o espaço, que representa um investimento municipal de cerca de 1,3 milhões de euros, já atraiu centenas de visitantes ansiosos por redescobrir este pedaço de história portuense. Num momento em que a sustentabilidade e a preservação do património ganham contornos urgentes, esta requalificação surge como um exemplo vivo de como o passado pode inspirar o futuro das cidades.
As Origens Militares e a Evolução de um Ícone Urbano
O Jardim Teófilo Braga não é apenas um jardim, é um testemunho vivo da alma do Porto. Projetado originalmente em 1909 como um antigo campo militar – conhecido como Campo de Santo Ovídio –, o espaço evoca os rituais marciais do início do século XX. O seu traçado linear, simétrico e centralizado, inspirado no “marchar dos soldados”, foi meticulosamente recuperado para resgatar essa essência histórica. Ao longo dos anos, a praça passou por múltiplas transformações, assumindo nomes e papéis emblemáticos: do Campo da Regeneração, ligado à Revolução Liberal de 1820, ao Jardim Teófilo Braga, em homenagem ao político e escritor republicano que marcou a proclamação da República em 1910.
Durante mais de um século, o jardim serviu como palco para eventos políticos significativos, como a Revolução do 31 de Janeiro de 1891 e a celebração do 5 de Outubro. No entanto, o envelhecimento das infraestruturas e o desgaste urbano tornaram-no num espaço necessitado de intervenção. As obras, iniciadas em agosto de 2024 e concluídas com um ligeiro atraso face ao previsto (originalmente junho de 2025), visaram não só restaurar o legado, mas também adaptá-lo às necessidades contemporâneas de acessibilidade e funcionalidade.
De Ruínas Verdes a um Oásis Moderno
A reabilitação, orçada em 1,3 milhões de euros e supervisionada pela Câmara Municipal do Porto, trouxe de volta o esplendor original do jardim, ao mesmo tempo que introduziu elementos modernos para uma experiência inclusiva. O traçado histórico foi restaurado com precisão, criando caminhos simétricos que guiam o olhar para o centro da praça, evocando o desfile militar de outrora. Novas plantações de espécies autóctones reforçam o compromisso com um “Porto mais verde”, promovendo a biodiversidade e a transição climática, uma prioridade assumida pelo vice-presidente da autarquia, responsável pelo Ambiente.
Entre as novidades, destacam-se a instalação de novas papeleiras, bebedouros e bancos ergonómicos, projetados para conforto de todos os públicos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida. A acessibilidade foi ampliada com rampas suaves e sinalética clara, transformando o jardim num espaço verdadeiramente democrático. Mas o verdadeiro tesouro reside nas esculturas restauradas e reposicionadas: a estátua do “Padre Américo”, de Henrique Moreira; a “República”, de Bruno Marques; o “Baco”; e a do General Pires Veloso. A peça mais aguardada, o “Rapto de Ganimedes”, que estava temporariamente no Jardim da Cordoaria, regressou ao seu lugar de origem, simbolizando o renascimento cultural do local.
O projeto, da autoria da professora Teresa Portela Marques, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), e executado pela GO Porto, integrou ainda um simulacro ambiental durante as obras, testando medidas de sustentabilidade. O resultado? Um jardim mais atrativo, funcional e resiliente, alinhado com a estratégia municipal de revitalização de áreas centrais.
A Abertura e o Eco na Cidade
A reabertura, no passado fim de semana, foi marcada por uma simplicidade elegante, sem grandes cerimónias, mas com a presença discreta de autarcas e residentes locais. Desde o sábado, famílias, idosos e turistas inundaram os caminhos recém-pavimentados, partilhando fotos nas redes sociais e elogiando o “renascer” do espaço. “É como voltar no tempo, mas com o conforto de hoje”, comentou uma portuense no local, ecoando o sentimento geral de alívio e orgulho.
As obras implicaram condicionamentos de trânsito – com estreitamento de vias e proibições de estacionamento –, mas esses sacrifícios parecem valer a pena. Agora, com o jardim plenamente operacional, a Praça da República recupera o seu papel como coração pulsante do Porto, um ponto de encontro que une gerações e memórias.
Um Convite ao Futuro Verde
A reabilitação do Jardim Teófilo Braganão é mero restauro é uma declaração de intenções. Num Porto que equilibra tradição e inovação, este espaço verde reforça a visão de uma cidade sustentável, onde a história caminha de mãos dadas com a ecologia. Recomendamos uma visita: sente-se num dos novos bancos, admire as esculturas reluzentes e sinta o pulso da cidade. O fim de semana passado foi o início de muitas histórias novas neste jardim centenário.
Para mais informações sobre projetos municipais, consulte o site da Câmara do Porto ou a GO Porto. O Porto agradece e o jardim espera por si.
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