CTFD PortoGaia renomeado: O Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa


CTFD PortoGaia renomeado: O Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa, um tributo ao coração azul e branco…

No coração de Vila Nova de Gaia, onde o Douro sussurra segredos de glórias passadas, ergue-se um complexo que não é apenas betão e relva, mas o pulsar da alma do FC Porto. A partir de 6 de outubro de 2025, o Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia (CTFD PortoGaia), conhecido como o Olival, passa a designar-se Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa. Esta mudança, aprovada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia a pedido do emblema portista, não é mero formalismo administrativo: é um tributo eterno a um dos filhos mais ilustres do clube, Jorge Costa, o “Capitão dos Capitães”, que partiu prematuramente no exacto local que agora leva o seu nome.

Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa

A decisão, anunciada oficialmente pelo FC Porto na noite de 6 de outubro, coincide com o renascimento simbólico de uma infraestrutura que, há mais de duas décadas, forja campeões e sonhadores. Jorge Costa, falecido a 5 de agosto de 2025 aos 53 anos, vítima de uma paragem cardiorrespiratória enquanto exercia funções como diretor do futebol profissional no Olival, deixa um vazio irreparável. Renomear o centro em sua honra é, nas palavras implícitas do clube, uma forma de “eternizar o seu nome no complexo” que ele tanto amou e serviu.

A História do Olival: De Terreno Baldio a Berço de Estrelas

O CTFD PortoGaia, ou simplesmente o Olival, não nasceu de um capricho desportivo, mas de uma visão ambiciosa que uniu o município de Vila Nova de Gaia ao destino do FC Porto. A construção iniciou-se em 2000, sob a arquitetura de Alcino Soutinho, e culminou na inauguração a 5 de agosto de 2002 – ironia do destino, a mesma data em que Jorge Costa faleceria 23 anos depois. Financiado pela Câmara Municipal de Gaia e cedido ao clube portista, o complexo ocupa as freguesias de Olival e Crestuma, estendendo-se por cerca de 20 hectares de terreno relvado e funcional.

Desde o primeiro dia, o Olival tornou-se o quartel-general do futebol dragão. Aqui treinam as equipas sénior, de reservas e de formação, num ecossistema que combina campos de relva natural e sintética, ginásios de última geração, piscinas de recuperação, auditórios e alojamentos para os jovens talentos. Mais de 130 anos após a fundação do FC Porto, em 1893, esta infraestrutura representa a “construção do futuro”, como afirmou André Villas-Boas em maio de 2025, durante as obras de expansão que visam modernizar ainda mais o espaço.

Ao longo dos anos, o Olival testemunhou o nascimento de ídolos: de Pepe e Bruno Fernandes, que ali afiaram as garras antes de conquistarem o mundo, a Diogo Costa e Fábio Vieira, atuais pilares da equipa principal. É um lugar de suor e lágrimas, onde se forjam não só atletas, mas caráter. Em 2017, celebrou-se o 15.º aniversário com orgulho, mas em 2025, o complexo ganha uma camada emocional profunda com o nome de quem o personificou como poucos.

Jorge Costa: O Muro Inabalável, o Capitão Eterno

Jorge Paulo Costa Almeida nasceu a 14 de outubro de 1971, no Porto, numa família humilde onde a bola de futebol e a bicicleta eram os brinquedos da infância. Filho de um pai operário e de uma mãe dedicada, Jorge cresceu nas ruas da Invicta, sonhando com o Dragão que, na sua visão de miúdo, parecia inalcançável. “Em miúdo, achei que não podia jogar no FC Porto”, confessou anos depois, num raro momento de vulnerabilidade. Mas o destino, teimoso como um portista, reservava-lhe o papel de lenda.

Estreou-se na equipa principal em 1990, mas foi na época 1997/98 que se impôs como central implacável, apelidado de “O Muro” pela solidez defensiva que inspirava terror nos adversários. Ao longo de 16 anos ao serviço do FC Porto (com uma curta passagem pelo Charlton em 2001/02), disputou 383 jogos oficiais, marcou 25 golos e ergueu 21 troféus – um palmarés que inclui três joias internacionais: a Taça UEFA em Sevilha (2003), a Liga dos Campeões em Gelsenkirchen (2004) e a Taça Intercontinental em Yokohama (2004). Foi ele, o capitão com a braçadeira ao braço, quem mais troféus globais levantou pelo emblema azul e branco.

Internacional por Portugal em 50 ocasiões, Jorge Costa representou a Selecção no Euro 2000 e no Mundial 2002, sempre com a garra nortenha. Aposentou-se em 2006, mas o futebol não o largou: treinou o NAC Breda, o Académico de Viseu e até o SC Braga, onde deixou marcas de disciplina férrea. Apaixonado por voleibol na juventude, era um homem de múltiplas faces – rigoroso em campo, afável fora dele. Em 2024, regressou ao Olival como diretor do futebol profissional, pronto para guiar a nova geração. Tragicamente, foi ali, no coração do seu clube, que o seu relógio parou a 5 de agosto de 2025, deixando o mundo portista em luto coletivo.

Para João Nuno Coelho, jornalista e adepto, Jorge Costa “representa o fim de uma era: uma altura em que um jovem adepto podia sonhar em ser capitão e fazer a história do clube”. O seu legado transcende números: é a personificação do FC Porto – resiliente, leal, invencível no espírito.

O Processo de Renomeamento: Uma Homenagem Aprovada com Emoção

A ideia de renomear o centro surgiu logo após a morte de Jorge Costa, como forma de imortalizar o seu contributo. O FC Porto formalizou a proposta à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que a aprovou por unanimidade na reunião camarária de 6 de outubro de 2025. A mudança entra em vigor imediato, mas será celebrada numa cerimónia privada a 14 de outubro – o aniversário de Jorge Costa –, com a presença da direção do clube e do executivo municipal.

Embora o site oficial do FC Porto não registe declarações específicas de responsáveis na notícia inicial, o gesto reflete o consenso unânime no universo dragão. É uma ponte entre o passado glorioso e o futuro promissor, num momento em que o Olival se expande para acomodar mais sonhos.

Impacto e o Horizonte Azul e Branco

Este renomeamento não altera apenas placas e mapas: reforça a identidade do FC Porto como clube de memórias vivas. Para os adeptos, é um lembrete de que o Olival, agora Jorge Costa, é mais do que um centro de treinos – é um santuário. Num ano marcado pela perda, como o de 2025, esta homenagem inspira os jovens da formação a emularem o capitão que, mesmo no fim, trabalhava pelo clube.

Com as expansões em curso, o Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa promete ser o epicentro de novas conquistas. Que o seu nome ecoe nos campos, como o rugido das bancadas: eterno, inabalável, portista. E que, no dia 14 de outubro, o vento do Douro traga um brinde silencioso ao homem que o mereceu.

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