Parque das Águas, o espaço verde localizado na Foz do Douro, acolhe mostra de filmes históricos sobre o abastecimento de água do Porto…
O Porto, cidade de rios e pontes, sempre teve uma relação íntima com a água – não só pelo Douro que a serpenteia, mas também pelo esforço coletivo que garantiu o seu fluxo vital para as casas, fábricas e fontanários da Invicta. Nesta semana, o icónico Parque das Águas, localizado na Foz do Douro, tornou-se o epicentro de uma viagem no tempo através de imagens em movimento. De 1 a 5 de novembro de 2025, o espaço verde acolheu a mostra de filmes históricos Águas do Passado.
Memórias Hídricas do Porto
Memórias Hídricas do Porto, uma iniciativa da Câmara Municipal do Porto em parceria com a Águas de Portugal e o Arquivo Municipal. O evento celebrou os 150 anos do primeiro sistema moderno de abastecimento de água à cidade, recordando como a engenharia e a visão coletiva transformaram um desafio em legado.
Sob o céu outonal portuense, com o Atlântico ao fundo e o som das ondas como banda sonora natural, centenas de visitantes – famílias, estudantes e entusiastas da história local – reuniram-se no anfiteatro ao ar livre do parque. Projetados em ecrãs gigantes ao pôr do sol, os filmes transportaram o público para as décadas de 1880 a 1960, mostrando desde a perfuração dos primeiros poços na Serra do Pilar até à inauguração da barragem de Paradela, em 1954. “Esta mostra não é só sobre tubos e reservatórios; é sobre as histórias humanas por trás da água que bebemos todos os dias”, explicou Maria João Alves, diretora do Arquivo Municipal, durante a sessão de abertura.
O Programa: Uma Viagem Cronológica pela Água Portuense
A curadoria da mostra foi meticulosa, com sessões diárias gratuitas às 18h e 20h, intercaladas por debates com historiadores e engenheiros. Aqui vai um resumo dos destaques:
Dia 1: “As Primeiras Fontes” (1925, 15 min) – Um documentário silencioso que captura a construção da rede inicial de fontanários públicos, financiada por subscrições populares. Imagens raras de trabalhadores cavando valas nas ruas íngremes da Baixa.
Dia 2: “Do Douro à Mesa” (1938, 28 min) – Produzido pela Câmara, este filme em tons sépia explora a captação de água do rio e os primeiros filtros de purificação, com depoimentos de moradores que viram a cidade “renascer” com água potável.
Dia 3: “Paradela: O Coração da Água” (1954, 35 min) – O ponto alto da mostra, com filmagens aéreas da barragem que ainda hoje abastece o Grande Porto. Inclui cenas de celebração popular na inauguração, ao som de ranchos folclóricos.
Dias 4 e 5: Curtas Experimentais e Debate – Uma seleção de curtas-metragens amadoras dos anos 40, focadas nas mulheres que geriam os chafarizes durante a guerra, seguidas de painéis sobre sustentabilidade hídrica no século XXI.
O evento não se limitou às projeções: exposições interativas com modelos de aquedutos romanos (inspirados no antigo sistema da Bracara Augusta, herança de Braga vizinha) e estações de realidade virtual permitiram aos mais jovens “viajar” pelos túneis subterrâneos da cidade.
Se o evento inspirou-o a visitar o Parque das Águas, saiba que as projeções repetem-se em formato online no site da Águas de Portugal a partir de 10 de novembro. Uma oportunidade para todos revisitarem as raízes aquáticas da nossa cidade – porque, no Porto, a água não é só elemento; é memória viva.
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