Taxa de pobreza melhorou, mas continua acima de valores de 2010


A taxa de risco de pobreza desceu em 2015 para 19% da população portuguesa com rendimentos mais baixos e que recebe prestações sociais, mas mantém-se acima dos valores registados no início da década, segundo dados divulgados hoje pelo INE…

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje um conjunto de indicadores socioeconómicos atualizados entre 1990 e 2015, concluindo que o risco de pobreza após prestações sociais se tenha situado em 19% em 2015.

Isto significa uma queda de 0,5 pontos percentuais face aos dois anos anteriores (19,5%, o valor mais elevado desde 2004), mas significa que a taxa se mantém em valores “mais elevados do que o alcançado no início da década (o diferencial é de um ponto percentual)”.

Este indicador, que mede a percentagem do total da população cujo rendimento se encontra abaixo da linha de pobreza (definida como 60% do rendimento mediano), engloba os rendimentos provenientes das pensões (velhice e sobrevivência), bem como as transferências sociais (relacionadas com doença, incapacidade, apoio à família, desemprego e inserção social).

“Considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, o risco de pobreza seria de 46,3%, menos 1,5 pontos percentuais do que em 2013 e 2014 e um pouco acima do que se verificara em 2012”, alerta o INE.

“Considerando adicionalmente as pensões, o risco de pobreza em 2015 seria de 25,1%, o que representa uma melhoria face ao ano precedente, e também melhorando face ao valor de 2012”, acrescenta.

Já comparando com a União Europeia, o risco de pobreza tem sido mais elevado em Portugal: a taxa média para o conjunto dos 28 Estados-membros foi de 17,3% em 2014 (último ano disponível com indicadores a nível europeu), contra 19,5% para Portugal.

O INE revela já dados da taxa de privação material (a percentagem de pessoas que viviam em agregados com a falta de pelo menos três dos nove itens de privação por motivos económicos) de 2016: foi de 19,5%, o que representa uma melhoria de 2,1 pontos percentuais, embora mais lenta do que a registada no ano anterior (4,1 pontos percentuais).

“Porém, numa perspetiva temporal mais alargada, este indicador não tem apresentado uma tendência evidente, sendo o seu valor médio na ordem de 22,3%”, afirma o INE.

Os números do INE demonstram também que em 2015 se registou uma atenuação da desigualdade na distribuição do rendimento, “contrariando o que acontecera nos cinco anos precedentes”.

Em 2015, “o rendimento monetário líquido equivalente de 20% da população com maior rendimento foi 5,9 vezes superior ao rendimento de 20% da população com menor rendimento”. Este valor representa um ténue decréscimo face aos resultados do ano precedente, de novo contrariando a tendência de aumento que se observara entre 2010 e 2013.

Este indicador “continua a refletir uma situação de maior desigualdade relativamente à média europeia, embora em menor grau do que nos primeiros cinco anos da década anterior, período em que o diferencial foi superior a 2,2 pontos percentuais”.