Restaurante solidário gerido por jovens alimenta dezenas de sem-abrigo


Num restaurante solidário, doze a quinze jovens voluntários oriundos de famílias “com problemas sociais” servem, toda a semana, uma média de 180 refeições por dia a sem-abrigo e outras pessoas carenciadas da cidade do Porto…

Na Rua Cimo de Vila há um restaurante sem nome, sem menu, sem luxo, mas que está sempre cheio. As refeições são servidas entre as 20:00 e a meia-noite, mas a fila começa a formar-se uma hora e meia antes, por gente à procura daquela que é muitas vezes a única refeição do dia.

Ana Barbosa, coordenadora do projeto Escolas Solidárias da Fundação EDP, falou à agência Lusa do projeto, que resulta de uma parceria entre a Câmara do Porto, o CASA – Centro de Apoio a Sem-Abrigo e a Ordem do Terço.

Os voluntários são todos alunos da Escola Profissional de Comércio, Escritórios e Serviços Raúl Dória e a seu cargo “têm o servir das refeições, pôr a mesa, lavar a louça e limpar o espaço”, explicou a coordenadora do projeto, que à sexta-feira é reforçado com mais voluntários, “os Super-Jovens, que coordenam a cozinha”.

“Dependendo dos dias e alturas do mês, o número de refeições varia entre as 165 e as 200”, apontou a também docente.

O serviço começou por ser feito em rondas na rua, mas desde setembro de 2016, por iniciativa da Câmara do Porto, funciona o restaurante solidário, com o qual foi possível passar a “fazer as refeições com dignidade”.

“Temos muitos alunos, muitos jovens, pessoas de vários níveis, idosas e doentes que vêm cá para a única refeição do dia. Nesta altura do ano começam a aparecer também de outras nacionalidades, angolanos, cabo-verdianos, brasileiros e ucranianos”

A iniciativa “Super-Jovens” nasceu no período da crise, numa altura em que era preciso motivar os alunos e de chamá-los para a escola. Começou com ações de sensibilização no estabelecimento de ensino, mas rapidamente saltou os seus muros, passando a colaborar com o CASA.

Depressa se percebeu que as 120 refeições diárias inicialmente definidas ficavam aquém das necessidades do restaurante. Ana Barbosa admitiu “a possibilidade de virem a abrir mais seis no Porto”.