Nicolau Nasoni nasceu em San Giovanni Valdarno di Sopra, na Toscana, a 2 de Junho de 1691. Era o mais velho dos dois filhos de Giuseppe Francesco Nasoni e de Margaretta Rossi.
Em Siena, iniciou a aprendizagem artística e a actividade profissioal no campo da arte efémera (c.1713-1720). Foi discípulo do pintor Giuseppe Nasini (1657-1736), de Franchini e de Vicenzo Ferrati, que contribuiram para a sua formação arquitectónica. Foi, também, influenciado por Pietro da Cortona e por Bernardo Buontalenti. A sua primeira obra terá sido o desenho do catafalco erguido na Catedral de Siena pela ocasião da morte do príncipe Fernando de Médicis.
Depois de uma temporada passada em Roma, Nicolau nasoni fixou-se em Malta. Nesta ilha, criou pintura ilusionista para o Palácio de La Valetta no tempo do grão-mestre Frei D. António Manuel de Vilhena. De acordo com Robert C. Smith (o maior estudioso de Nasoni), também terá trabalhado nos palácios de Verdala e de Santo Antão.
Em Malta, conheceu Frei Roque de Távora e Noronha, irmão de Jerónimo de Távora e Noronha Leme Cernache, deão da Sé do Porto, que terá sido responsável pela sua vinda para o Porto, em 1725.
Nesta cidade, a 31 de Julho de 1729 casou-se nesta cidade com uma fidalga napolitana, D. Isabel Castriotto Riccardi, que viria a falecer um ano mais tarde (1730), muito provavelmente na sequência de complicações no parto do seu único filho, de nome José, nascido alguns dias antes, a 8 de Junho. O padrinho de José, um fidalgo portuense, empregou Nasoni na obra da casa e jardim da Quinta da Prelada. Sob influência deste mesmo fidalgo, em 1731 foi-lhe pedido um projecto para a Igreja dos Clérigos, que o ocupou durante mais de 30 anos, embora o tenha feito gratuitamente, e o imortalizou.
Também em 1731 Nicolau Nasoni voltou a casar-se, desta vez com uma portuguesa, Antónia Mascarenhas Malafaia, da qual teve cinco filhos.
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Seguindo o espírito e tradição da Renascença italiana, Nasoni dedicou-se a inúmeros trabalhos artísticos, desde a pintura à ourivesaria, com singulares tradições no Porto. Contando com o apoio de ricos mecenas, tornou-se uma espécie de Miguel Ângelo da cidade que, em pouco tempo, lhe soube reconhecer o devido valor. A partir daí, realizou inúmeros trabalhos no Porto e um pouco por todo o Norte de Portugal. Numa primeira fase da sua carreira artística em Portugal dedicou-se à pintura cenográfica, barroca e prenunciadora do rococó, mas veio depois a riscar arquitectura, tornando-se rapidamente na figura cimeira da arte do Porto da primeira metade do século XVIII.
Entre 1725 e 1733 executou pintura a têmpera para a Sé do Porto: na capela-mor, sacristia e provavelmente no corpo da igreja. Pintou as abóbadas da nave central e das naves lateraias da Catedral de Lamego (cerca de 1737-38). Fez pintura para a Igreja de Santa Eulália da Cumieira, em Santa Marta de Penaguião, para a Igreja do Convento de S. António de Ferreirim, em Lamego, para a Igreja Matriz de Tarouca, para a Casa do Despacho, para a Igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco e para o Palácio do Freixo, no Porto.
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Como arquitecto, projectou a igreja, a enfermaria-secretaria e a torre dos Clérigos e riscou uma planta para o Paço Episcopal do Porto (1734). Desenhou fontes e chafarizes como, por exemplo, o que hoje se integra no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, e o do Anjo S. Miguel, junto à galilé da Sé do Porto. Riscou a nova frontaria da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos (1743-48), a sua única obra de cariz horizontalante, reconstruiu a Igreja Matriz de Santa Marinha, na zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia (1745), e participou nas obras da igreja da Misericórdia do Porto durante a viragem da primeira para a segunda metade do século XVIII. Para essa Igreja traçou uma majestosa frontaria de pendor rococó.
Nicolau Nasoni foi autor de projectos para a Casa do Despacho da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, no Porto (1746-52) e para a Igreja de Santiago de Bougado, assim como de duas plantas para a Cadeia e Tribunal da Relação do Porto. Projectou obras para casas nobres do Porto e arredores, como as quintas de Santa Cruz do Bispo, de Bonjóia e da Prelada e o Palácio do Freixo; e produziu desenhos para lavatórios de sacristia, pias de água-benta, decorações de jardins, peças de ourivesaria.
Morreu no Porto inexplicavelmente na pobreza a 30 de Agosto de 1773. Quanto à hipótese de Nicolau Nasoni estar sepultado na igreja dos Clérigos, não há certezas, mas há possibilidades.
Já para o presidente da Irmandade dos Clérigos não tem dúvidas de que Nicolau Nasoni esteja sepultado na cripta da igreja dos Clérigos. «Os documentos dizem que o funeral de Nicolau Nasoni foi na Igreja dos Clérigos, o assento de óbito refere que também foi aí sepultado, portanto, estou confiante», afirmou Américo Aguiar.