Mercado temporário do Bolhão só acolhe os atuais comerciantes


O mercado temporário do Bolhão, no Porto, que ficará instalado no Centro Comercial La Vie enquanto decorrerem as obras de reabilitação, vai acolher os atuais comerciantes e os novos lojistas só terão lugar no espaço renovado, foi hoje anunciado…

“Vão entrar novos comerciantes, mas só após a sua reabilitação [mercado]”, disse hoje a representante do Gabinete do Mercado do Bolhão, Cátia Meirinhos, durante a reunião pública da Câmara Municipal do Porto.

A responsável referiu que 68 dos comerciantes do interior do mercado manifestaram vontade em continuar, tendo já assinado acordo com a autarquia, e 23 deles decidiram abandonar a atividade por já não terem condições, dada a idade avançada, e não terem familiares ou auxiliares a quem passar o negócio, devendo ser alvo de indemnizações que variam entre os 10 mil e 35 mil euros.

A proposta de retificação dos acordos assinados com os comerciantes foi aprovada com 12 votos a favor e a abstenção do vereador da CDU Pedro Carvalho.

Alguns dos comerciantes mudaram de ramo de atividade por considerar que o atual não era rentável, frisou Cátia Meirinhos, sublinhando que essa mudança não alterou a “essência” do mercado, mantendo as suas características de mercado de frescos.

O novo sistema de categorização de produtos criado, e que deve ser respeitado pelos comerciantes, visa equilibrar a oferta atual e a oferta futura, explicou.

“Haverá controlo para que os comerciantes não vendam aquilo que não podem vender”, salientou.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, garantiu que irá “fazer de tudo” para que o mercado temporário seja atraente.

Para garantir a subsistência dos comerciantes durante as obras, o autarca independente afirmou que irá ser feito “todo um trabalho” de promoção do mercado.

Rui Moreira salientou que a indemnização aos comerciantes que vão sair do mercado é “justa” e permite-lhes continuar a ter qualidade de vida.

Sobre o aparecimento de novos ramos de atividade, o chefe do executivo municipal vincou que o mercado continuará a ser de frescos, não havendo alterações no seu modelo.

O vereador da Habitação, Manuel Pizarro, realçou que há um “absoluto” cumprimento dos compromissos assumidos com os comerciantes, sendo garantidos os seus direitos, desde a possibilidade de mudança de atividade, transmissão de licenças para familiares diretos e indiretos ou manutenção dos preços.

“Correspondem a mais do que os compromissos assumidos pelo PS durante a campanha eleitoral”, frisou.

Manuel Pizarro afiançou que quer os comerciantes que saem, quer os que ficam vão ser tratados com “grande dignidade”, não escondendo que as obras serão um período delicado e com algumas dificuldades.

As obras de requalificação deverão arrancar em meados deste ano, tendo o concurso público internacional por um valor máximo de 25 milhões de euros sido lançado a 19 de dezembro, através da publicação em Diário da República e no Jornal Oficial da União Europeia.

De acordo com as publicações, o “contrato de empreitada de restauro e modernização do Mercado do Bolhão”, a celebrar com a empresa municipal de Gestão de Obras Públicas (GOP) terá o prazo de 720 dias, ou seja, cerca de dois anos e o critério de adjudicação será “o mais baixo preço”.