Foi a 28 de dezembro de 1937, “Dia dos Santos Inocentes, porque não podia ter nascido noutro dia”, como gosta de ironizar, que Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente do FC Porto, nasceu. São oito décadas pintadas de azul e recheadas de êxito…
“Tenho quase 80 anos. Devo esclarecer que isso é já com IVA! Para mim, a idade não conta, para mim o que conta é o futuro. Tenho a felicidade de já ter vivido muito, mas tenho a felicidade de não ter tempo para olhar para trás. Vou olhar para a frente, pois o nosso futuro é que interessa”
Pinto da Costa foi dirigente do FC Porto durante praticamente duas décadas e meia antes de abraçar o desafio que lhe lançaram de assumir a cadeira da presidência, na sequência das ondas de choque criadas pelo célebre ‘verão quente’ que mudou a face da história azul e branca. O seu nome e o seu percurso interligam-se com o clube do qual se tornou a maior figura e que, proclamou nos últimos Dragões de Ouro, está “numa luta sem fim, numa corrida que não termina nunca porque corre para o infinito“.
Eleito a 17 de abril de 1982, vai a caminho dos 36 anos na cadeira do poder, Pinto da Costa é o presidente com mais títulos conquistados no futebol mundial e detém o recorde do mais longo mandato à frente de um clube em Portugal, tendo ultrapassado mesmo o mítico Santiago Bernabéu.
Várias personalidades do futebol têm recordado alguns episódios que passaram com o homem forte dos dragões. Uma das personalidades é Fernando Santos, selecionador nacional, que relembrou um encontro peculiar com Pinto da Costa, após ter perdido com o Torreense, para a Taça de Portugal (na época 1998/99).
“O presidente ligou-me e perguntou-me se estava em casa. Disse-lhe que sim e ele perguntou-me e se ia ver o jogo que ia dar na televisão. Passado um pouco tocam à porta. Era ele. Pensei logo: é agora que vai acontecer [despedido]”, salientou o técnico, em declarações ao jornal O Jogo.
“Viu o jogo comigo e conversámos sobre muitas coisas sem ser futebol. Quando acabou o jogo, despediu-se de mim com um ‘bom treino amanhã’. Fiquei sem palavras”, finalizou o timoneiro luso.
Figura incontornável do dirigismo português
No dia em que faz 80 anos, vale a pena olhar para o impressionante currículo de Pinto da Costa, presidente do FC Porto desde 1982. São oito décadas pintadas de azul e recheadas de êxito.
Pinto da Costa nasceu na freguesia de Cedofeita, no Porto, em 1937, tendo feito a escola primária no Colégio Almeida Garrett e prosseguido os estudos no Instituto Nun’Álvares, conhecido por Colégio Jesuíta das Caldinhas, em Santo Tirso. No regresso à cidade invicta teve o seu primeiro emprego, aos 19 anos, no Banco Português do Atlântico.
O tio Armando levou-o pela primeira vez – com apenas oito anos! – a um FC Porto-SC Braga, disputado na Constituição. Quando completou 16 anos, a avó materna inscreveu-o como sócio do FC Porto. Acompanhou os jogos do clube, sobretudo de futebol e hóquei em patins e, com cerca de 20 anos, foi convidado pelo responsável pela secção de hóquei em patins para ocupar o lugar de vogal. Em 1962 assumiria a chefia da secção, cargo acumulado com o de chefe da secção de hóquei em campo e, em 1967, chegaria a chefe da secção de boxe.
Afonso Pinto de Magalhães convidou-o, em 1969, a integrar a lista para as eleições como diretor das modalidades amadoras. Assumiu um cargo no FC Porto, de 1969 a 1971.
Em 1976, após uma conversa com o presidente Américo de Sá, aceita fazer parte da sua lista nas eleições como diretor do departamento de futebol. Antes do ato acertou com José Maria Pedroto, treinador do Boavista, o seu regresso ao FC Porto, onde já havia sido jogador e treinador. É este trio que consegue quebrar, em 1977-1978, o longo jejum de 19 anos sem vencer um campeonato. Mais tarde, avança em lista única e vence as eleições de 17 de abril de 1982, tornando-se o 33.º presidente do FC Porto.
Largos êxitos têm 80 anos
Vontade de sair só… a ganhar
No seu longo trajeto como presidente do FC Porto, só numa ocasião Pinto da Costa mostrou uma genuína disposição para abandonar o cargo. Foi logo a seguir à conquista da Taça dos Campeões Europeus, em 1987, quando considerou que a principal missão, que era a de recuperar o clube, estava concluída. Aliás, a decisão de avançar para a liderança foi assumida, em livro, como tendo sido a mais difícil de todas.
PARABÉNS Senhor Presidente!!!