Tem a certeza que sabe falar PORTOguês? Quem pergunta, por exemplo, “Quanto é o tombo?”, o que quer saber? Falar “à moda do Porto” já tem dicionário…
Falar “à moda do Porto” já tem dicionário. A obra é apresentada hoje, sexta-feira, às 21,30 horas, no Café Progresso.
A forma de falar e o calão tipico portuense contam, agora, com um dicionário que traduz os seus significados para inglês. O “PORTOguês” conta com mais de 200 páginas e cerca de mil entradas do linguarejar tripeiro, que esta sexta-feira foi apresentado, no Café Progresso, no Porto.
João Carlos Brito disse à agência Lusa haver na obra “uma intenção de humor” que a tradução literal proporciona, “mas existe também um trabalho de pesquisa e de investigação original, já mais sério, porquanto se procurou apresentar o seu significado e as expressões correspondentes ou aproximadas no calão, idiomatismo ou no inglês informal“.
Salientou que “a tarefa, até por ser pioneira, revestiu-se de grandes dificuldades”. O trabalho de campo durou um ano.
Estão lá expressões populares como “Andar sempre ó tio, ó tio” (em inglês literal, “To walk always oh uncle, oh uncle”), “Calhau com dois olhos” (“Stone with two eyes”)”, “Boa como o milho” (“As good as corn”) ou “Quanto é o tombo?” (“How much is the fall?”).
Em português idiomático, aquelas expressões significam, respetivamente, “sempre afoguedado”, “pouco inteligente”, “rapariga atraente” e “quanto custa”.
João Carlos Brito considera que “alguns destes termos e expressões, com alto grau de probabilidade, nasceram no Porto, outros foram assimiladas”, fruto de trocas culturais e linguísticas, e outros ainda são “arcaísmos que foram modificados”.
“O Dicionário de PORTOguês-Inglês não é apenas uma obra indispensável para quem ama o Porto. É também obrigatória para todos os que não sabem o que perdem por não amar aquela que é uma cidade carismática, com alma imensa, gente que sabe receber e que possui uma forma de comunicar única no mundo: o PORTOguês”
Sustentam também que o dicionário poderá ser útil para os turistas que visitam o Porto, os quais podem assim tomar contacto com a “riqueza e diversidade lexical” local.
Os seus autores, Ana Cruz, Cristina Vieira Caldas e João Carlos Brito, todos ligados profissionalmente ao ensino, creem que este trabalho contribui para a “afirmação e identidade do acervo linguístico dos portuenses e poderá vir a ser mais uma ferramenta interessante na aprendizagem da língua inglesa, numa perspetiva de atualidade linguística“.
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