A exposição de fotografia “Tirée par… A Rainha D. Amélia e a Fotografia”, foi inaugurada no Centro Português de Fotografia, no Porto, que reabre após obras de conservação e reparação do edifício da antiga cadeia e Tribunal da Relação…
Esta exposição esteve patente em finais do ano passado no Palácio Nacional da Ajuda (PNA), em Lisboa, e aborda a relação da rainha D. Amélia, nascida há 150 anos, com a fotografia.
“Estamos ainda a celebrar os 176 anos de vida da fotografia, a celebrar a sua universalidade, tão acima dos idiomas, credos ou raças, mantendo-se sempre atual e moderna”, acrescenta o CPF.
Na cerimónia de inauguração, entre outras personalidades, esteve presente o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes
A exposição ‘Tirée par… A Rainha D. Amélia e a Fotografia’ tem como base as coleções de fotografia do Museu-Biblioteca Casa de Bragança, em Vila Viçosa e algumas fotografias do PNA, onde a rainha nunca viveu, mas onde “celebrou o jantar do dia do casamento com D. Carlos”, realçou o diretor do PNA, José Alberto Ribeiro, autor de uma biografia da soberana.
A exposição, “abarca um período que começa na infância e juventude de Dona Amélia de Orleães [em Inglaterra e depois em França], passando pela chegada a Portugal [em 1886] e a sua coroação [em 1889], até à implantação da República [em 1910] e consequente exílio”, disse à Lusa José Alberto Ribeiro.
“O interesse da rainha D. Amélia pela fotografia é confirmado por inúmeras evidências: nas fotografias que produziu e que mais tarde completou com títulos e datas. Nas imagens que a apresentam apontando a sua câmara, ou outras em que aparece de câmara na mão ou pousada no chão junto de si; ou ainda as imagens em que aparece observando e comentando pilhas de fotografias, ou mesmo carregando a câmara com um novo rolo; ou ainda pelos álbuns de fotografia que deixou, anotados e organizados”, explica em comunicado o comissário da mostra, o fotógrafo Luís Pavão.
“A escolha da fotografia foi uma forma inédita de abordar a afinidade de D. Amélia com esta nova arte, assim como a ligação dos últimos monarcas portugueses com esta ‘nova’ arte”, sublinhou José Alberto Ribeiro.
Referindo-se ao título da exposição, o diretor do PNA explicou que, em muitas fotografias, encontram-se as inscrições ‘Tirée par Carlos’, ‘Tirée par le Prince’, ‘Tirée par le Marquis de Fronteira’, ‘Tirée par Santos’.
“Todas as autorias acompanham os títulos e as datas que a rainha D. Amélia registou nas páginas dos álbuns. Este registo constante dos autores revela a consciência da importância do autor na fotografia, tão inerente à imagem como a própria realidade registada”, enfatizou José Alberto Ribeiro.
Maria Amélia Luísa Helena de Orleães, primogénita do conde de Paris, herdeiro da coroa de França, nasceu em 28 de setembro de 1865, em Twickenham, em Inglaterra, onde a família viveu exilada, por ordem de Napoleão II, tendo casado com D. Carlos, em maio de 1886.
Amélia de Orleães e Bragança foi a última rainha de Portugal, de facto, tendo-se exilado, depois da proclamação da República Portuguesa, primeiro em Londres, com o filho, D. Manuel II, e, depois, nos arredores de Paris, em Les Chesnay, onde morreu aos 86 anos, em 1953. Em 1945, a convite do Governo português, a monarca visitou Portugal, nomeadamente o Panteão dos Bragança, em S, Vicente de Fora, em Lisboa, onde se encontram sepultados o marido e o filho, D. Luís Filipe, assassinados em fevereiro de 1908.