Exposição ‘A Cidade Global’ no Museu Nacional de Soares dos Reis


A exposição “A Cidade Global – Lisboa no Renascimento”, que reconstitui a cidade em 250 peças e provocou polémica pelo questionamento da autenticidade de algumas obras, pode ser vista agora no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto…

A mostra ficará patente no Museu Nacional de Soares dos Reis até 27 de agosto depois de ter estado, de 23 de fevereiro a 09 de abril, no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, onde recebeu mais de 41 mil visitantes.

No começo de abril, fonte da Direção-Geral do Património Cultural indicou que as duas obras centrais da exposição, os dois quadros da “Rua dos Mercadores”, regressariam a Londres, para os proprietários, a Sociedade de Antiquários da capital britânica, enquanto “O Chafariz d’el-Rey”, da Coleção Berardo, vai ser exibido no Porto.

A exposição abriu envolta em polémica, porque os historiadores Diogo Ramada Curto e João Alves Dias lançaram dúvidas, no semanário Expresso, sobre a autenticidade das peças centrais: os dois quadros “A Rua Nova dos Mercadores”, ponto de partida da exposição, e “O Chafariz d’El-Rei”, que apresentam cenários da Lisboa do século XVI.

Após terem sido realizadas análises técnicas, o MNAA confirmou que “O Chafariz d’El-Rei”, da Coleção Berardo, foi pintado na segunda metade do século XVI, e não no século XX, como os historiadores defendiam.

Não foram porém realizadas peritagens aos dois quadros “A Rua Nova dos Mercadores”, porque o proprietário, a Sociedade de Antiquários de Londres, não autorizou a sua realização em Portugal.

A mostra dedicada à Lisboa renascentista – que revela uma capital no apogeu da globalização da época, devido aos Descobrimentos portugueses – reúne 250 peças de pintura, escultura e artes decorativas, documentos originais de época e testemunhos diversos, entre os quais se encontram livros de registos, animais embalsamados de outros continentes, reproduções de frutos e culturas revelados com os Descobrimentos.

O quadro “A Rua Nova dos Mercadores”, que os investigadores têm situado entre 1590 e 1610, está dividida em dois painéis, enquanto “O Chafariz d’El-Rei”, num só painel, terá sido pintado entre 1570 e 1580.

As duas pinturas remetem para áreas vizinhas, na Lisboa dos Descobrimentos, e ambas reproduzem situações quotidianas da época.

Pintura, astrolábios, livros, porcelanas, caixas decoradas com madrepérola, rosários, tapeçarias, azulejos e mobiliário são algumas das peças que podem ser vistas nesta exposição, que inclui igualmente uma reconstituição possível da casa de Simão de Melo de Magalhães, capitão de Malaca, morador da rua Nova dos Mercadores, feita a partir dos censos sobreviventes.