“Em Ponto Pequeno”: Uma Viagem Encantada pelo Mundo das Miniaturas


Num mundo cada vez mais acelerado, onde o “grande” domina as narrativas visuais, o Museu do Carro Eléctrico surge com uma viagem encantada pelo mundo das miniaturas…

A exposição temporária “Em Ponto Pequeno”, aberta ao público este mês, no Museu do Carro Eléctrico, celebra o universo da arte em miniatura, convidando visitantes a uma pausa reflexiva para apreciar a imensa beleza escondida nos detalhes diminutos. Instalada nas históricas oficinas de São João Novo, no coração da Foz do Douro, a exposição transforma o espaço museológico num portal para a escala reduzida, onde a imaginação ganha asas através de réplicas meticulosas que evocam história, ciência e natureza.

“Em Ponto Pequeno”: Uma Viagem Encantada pelo Mundo das Miniaturas

A exposição, que pode ser visitada até ao final de 2026, resulta de uma curadoria inovadora que entrelaça o património do museu – os icónicos carros elétricos que outrora sulcaram as ruas do Porto – com criações contemporâneas em miniatura. Mais de 20 peças compõem o núcleo central da mostra, provenientes de coleções particulares de mestres artesãos como José de Freitas, Joaquim Leorne e António Freitas. Estes colecionadores, fiéis à tradição portuense de precisão manual, apresentam réplicas de veículos históricos, edifícios emblemáticos da Invicta e até cenários naturais que capturam a essência do Douro em escala microscópica. Um dos destaques é a colaboração com o Museu da Ciência do Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas, que contribui com modelos educativos que viajam da Pré-História à era moderna, ilustrando a evolução humana através de dioramas minúsculos.

Numa era digital, onde tudo é ampliado e instantâneo, Em Ponto Pequeno recorda-nos o valor do artesanal e do paciente“, afirma Maria João Carvalho, diretora do Museu do Carro Eléctrico, em entrevista exclusiva ao Viva Porto. “Estas peças não são meras reproduções; são narrativas em ponto pequeno, onde cada traço conta uma história. Inspirámo-nos nos nossos carros elétricos – símbolos de mobilidade sustentável e inovação do século XIX – para criar pontes com a arquitetura urbana e a ciência, convidando o público a redescobrir a grandeza das pequenas coisas.”

Entre as joias expostas, sobressai uma recriação em miniatura do elétrico 202, um dos veículos mais icónicos da frota portuense, reproduzido à escala 1:87 por José de Freitas. Com detalhes como os bancos de madeira entalhados e as rodas funcionais, a peça evoca as viagens pitorescas pela marginal do Douro. Ao lado, modelos de dinossauros e formações geológicas, cortesia do Museu da Ciência, dialogam com réplicas de pontes ribeirinhas, criando um diálogo interdisciplinar que vai da paleontologia à engenharia civil. Joaquim Leorne, outro expoente, apresenta uma série de casas senhorialas do Porto em miniatura, com janelas que se abrem e interiores mobiliados, refletindo a arquitetura pombalina em toda a sua minúcia.

A exposição não se limita à contemplação passiva. Oficinas interativas, agendadas para fins de semana, permitem que famílias e entusiastas experimentem técnicas de modelismo, guiados por especialistas. “É uma oportunidade para as crianças – e adultos – cultivarem a paciência e a observação fina”, explica António Freitas, cujo contributo inclui um diorama da Baixa portuense pós-incêndio de 1755, reconstruída com materiais reciclados. Estas sessões, gratuitas para titulares do Bilhete Familiar, integram-se na missão educativa do museu, que anualmente atrai mais de 100 mil visitantes.

Localizada na Alameda Basílio Teles, 51, a mostra está aberta de terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00, com bilhetes a 8 euros (descontos para residentes e grupos). A proximidade com a praia e o elétrico turístico torna-a uma paragem imperdível para quem explora a Foz. Para mais informações, consulte o site oficial do museu ou as redes sociais, onde já circulam elogios à “magia microscópica” da exposição.

Em Ponto Pequeno não é apenas uma exposição; é um convite à lentidão num mundo veloz, provando que, por vezes, o menor gesto pode iluminar o maior horizonte. Não perca esta pérola portuense – antes que ela se torne memória em ponto pequeno.

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