A Câmara do Porto vai dedicar 100 mil euros do orçamento anual para a aquisição de obras, anunciou hoje o presidente da autarquia, revelando que a maioria do espólio artístico será visitável em 2018 no Abrigo dos Pequeninos…
Em conferência de imprensa na rua Miguel Bombarda, entre galerias naquele que é conhecido como o “bairro das artes” do Porto, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, elencou um orçamento de 490 mil euros para apoio à produção artística, no qual se inclui a verba anual de 100 mil euros para a aquisição de obras de arte.
O novo projeto de dinamização da prática e da apresentação de arte contemporânea no Porto vai chamar-se Pláka e será uma espécie de “plataforma”, onde artistas, agentes e ideias circulam e onde pode coexistir “estabilidade e fricção”, mas também como referência a um “espaço de pensamento”, explicou Guilherme Blanc, adjunto de Rui Moreira para o pelouro da Cultura.
Na apresentação desse novo projeto municipal centrado no fomento da produção de arte contemporânea no Porto, Rui Moreira lamentou que o município não tenha adquirido obras de arte desde 2003 e recordou que a maioria das peças que pertencem hoje ao espólio da Câmara do Porto foram compradas na década de 1970.
“Aquilo que nós assinalamos é que desde 2003 o município não tem adquirido obras de arte, nós temos uma coleção pouco conhecida de cerca de 1.500 obras de arte, mas quase todas elas foram adquiridas na década de 70 do século passado. Desde aí a cidade não renovou (…) o seu ‘stock’ de arte”, afirmou o autarca.
Para o futuro, o presidente de Câmara do Porto deseja “ter as reservas municipais visitáveis” e anunciou que as obras de arte que estavam no Palacete Pinto Leite vão passar para a escola Abrigo dos Pequeninos “durante o próximo ano” de 2018, mas só depois de “obras de restauro e de reabilitação” que o edifício necessita.
A seleção das obras de arte que a Câmara irá comprar será feita, segundo um comunicado enviado hoje pela autarquia, por um grupo de trabalho que analisará a arte apresentada ao longo de um ano no Porto e que fará sugestões periódicas de aquisição, “tendo a escolha que ser feita em contexto de exposição a decorrer em galeria”.
O primeiro grupo de especialistas para a época entre junho de 2017 e junho de 2018 é constituído por Gabriela Vaz-Pinheiro, artista, curadora e docente nas Belas Artes da Universidade do Porto, Pedro Álvares Ribeiro, colecionador de arte contemporânea, João Magalhães, especialista na leiloeira Sotheby’s, Luís Nunes, curador e coordenador do Museu das Belas Artes da Universidade do Porto e Francisco Laranjo, artista e docente na mesma faculdade.
As propostas da aquisição de obras de arte vão ser submetidas a aprovação em reunião de Câmara, sendo o objetivo a promoção da visibilidade da Coleção Municipal por parte do público.
A Câmara do Porto informa ainda que 20% dos 100 mil euros destinados à aquisição de obras artísticas podem ser aplicados em “arte não contemporânea – arte moderna ou de períodos anteriores – escolhida fora do contexto de galeria, caso se justifique do ponto de vista patrimonial e de documentação da memória cultural da cidade”
A última obra adquirida pela autarquia do Porto foi um desenho de António Carneiro há 14 anos (2003).
Para além dos 100 mil euros para aquisição de obras de arte, a Câmara do Porto reiterou o anúncio do orçamento de 240 mil euros para o projeto do Criatório – 16 bolsas de 15 mil euros cada – e os 50 mil euros por edição pelo Prémio de Artes Paulo Cunha e Silva, dos quais 25 mil advêm da fundação Millennium.
Por seu lado, o projeto Anuário, uma exposição retrospetiva proposta por um comissário externo que decorrerá na Galeria Municipal em parceria com a câmara, terá um orçamento a rondar os 40 mil euros e o coletivo da plataforma Pláka, que tem três linhas de investigação, de 20 mil euros cada, terá um orçamento de 60 mil euros, acrescentou Rui Moreira, frisando que são “verbas perfeitamente comportáveis dentro do orçamento da Câmara Municipal”.