Alunos da escola do Cerco apresentam projeto teatral em palco


O projeto teatral 10×10 da Fundação Calouste Gulbenkian juntou artistas do Teatro Nacional São João a alunos e professores da Escola do Cerco, no Porto, e o resultado é apresentado no Mosteiro de São Bento da Vitória, no sábado…

Em entrevista telefónica à Lusa, Dárida Castro, professora de Educação Física da Escola do Cerco, conta que o que se vai ver em palco no próximo sábado, pelas 10:00, é um espetáculo onde se cruzam saberes, neste caso das disciplinas de História e de Educação Física, que aborda os pontos em comum entre áreas tão diferentes, sem que se receie o ridículo de quem vai ouvir.

“Em palco, o público vai poder ver o resultado dos conteúdos de duas disciplinas, como a de História e de Educação Física, aparentemente tão distintas, uma iminentemente teórica e outra iminentemente prática. Há um dado momento do conhecimento, em que elas se podem fundir e, em que se podem traduzir numa aprendizagem comum. No fundo, o que o conjunto das disciplinas pretende é formar um conhecimento do indivíduo”, explica a docente, reconhecendo que, no início, o projeto 10X10 meteu um “bocadinho de medo”, porque era abrir as aulas, que normalmente estão fechadas, a pessoas exteriores à disciplina e àquele momento que os professores “pensam que é só seu”.

O tema do projeto teatral é a civilização grega e romana e vão poder ver-se exercícios de acrobacia em palco que se materializam na representação de edifícios da civilização romana ou em ritmos que simulam exércitos.

“Os próprios alunos de início sentiam-se um bocadinho constrangidos com tantas pessoas ali a assistirem à aula, mas rapidamente isso foi superado, porque tanto professores, como artistas (…), estávamos todos quase que na mesma plataforma para aprender e, em simultâneo, para ensinar. Foi um processo de formar e de se formar. O medo foi desaparecendo em nome da aprendizagem e, sobretudo, os alunos, sentiram que os professores também tinham alguns receios e alguns medos que estavam ali dispostos a superar, em conjunto com eles”, afirmou.

O objetivo do projeto 10×10 é “levar as artes para dentro da sala de aula” e “tornar as aulas diferentes”, disse, por seu turno, Luísa Corte-Real, responsável pelos projetos educativos do TNSJ.

“Esse aprendizado de expor a minha ideia de não recear o ridículo de quem nos está a ouvir acho que foi um dos maiores ganhos que tanto professores, como alunos puderam ter”, constatou a professora, afirmando que o que se aprende na Educação Física, embora pareça diferente do que se aprende em História tem sempre um ponto comum.

Segundo Luísa Corte-Real, o público que se deslocar a São Bento da Vitória vai-se admirar com o que vai ver em palco, porque vai observar, por exemplo, a fusão entre as disciplinas de “História e Educação Física” e vai-se “perceber como se pode trabalhar em sala de aula a “transversalidade de saberes”.

No relatório de avaliação que foi sendo feito pela Gulbenkian em edições anteriores do projeto 10X10, os alunos referem que as aprendizagens que fizeram os ajudou a “melhorarem o desempenho nas aulas”, designadamente na apresentação de trabalhos em público, conta Luísa Corte-Real.

Na edição deste ano no Porto participam 26 alunos do 10.º ano da Escola do Cerco, com a atriz e encenadora Rosário Costa a trabalhar com as professoras Paula Santos – História e Dárida Castro – Educação Física, tendo a coordenação ficado a cargo de Luísa Corte-Real.

No encontro no Porto participam ainda escolas de Quarteira, no concelho de Loulé, de Oeiras e da Amadora.