150 anos de Raul Brandão assinalados com exposições e debate sobre um dos maiores nomes das letras


A inauguração de uma exposição com dois polos e a realização de um encontro-debate marcam o início das comemorações do 150.º aniversário do nascimento de Raul Brandão, a partir das 16 horas do próximo sábado, dia 25, no Porto…

Tido como um dos maiores escritores portugueses e, paradoxalmente, dos menos lidos, Raul Brandão nasceu no Porto, pelo que é dupla a razão para assinalar o seu nascimento, a sua vida e, consequentemente, a pegada literária do seu legado.

O primeiro momento das celebrações é a inauguração da exposição “Raul Brandão: 150 anos, Biografia e Vida Literária”, às 16 horas na Biblioteca Pública Municipal do Porto, a que se segue a inauguração de outro polo na Casa-Museu Guerra Junqueiro, às 17 horas, focado em “Raul Brandão: 150 anos, Pintura e Ilustração”, sendo ambos os eventos de entrada livre.

Às 18 horas, também na Casa-Museu Guerra Junqueiro e com acesso livre, tem lugar uma sessão do ciclo “Um Objeto e Seus Discursos por Semana” que, desta vez, tem como tema central o guião autografado d’”O Gebo e a Sombra”, a obra cinematográfica de Manoel de Oliveira baseada no livro homónimo de Raul Brandão.

Numa altura em que começam a ser anunciadas as reedições de algumas das obras do escritor, a Câmara do Porto avança assim com três iniciativas que terão reflexos e continuidade com várias outras ações ao longo do ano, num esforço não só de homenagear, mas de promover um melhor conhecimento sobre o autor de “Húmus”, “Os Pescadores” e “O pobre de pedir” (este último publicado postumamente), entre muitos mais títulos que assinou.

A sua obra, que inclui ficção, livros de viagem e um grande legado dramatúrgico, é dominada pelos sentimentos contraditórios, pela condição humana, o catastrofismo, a crítica à mentalidade burguesa, a ética, a religião e a solidariedade com o humilde.

Nascido na Foz do Douro, a 12 de março de 1867, numa família de pescadores, desde estudante que Raul Brandão se dedicou à escrita em várias publicações, criando amizade com nomes das letras como António Nobre e Justino de Montalvão. Trocaria, porém, os estudos nessa área pela formação militar, ainda que mantendo atividade literária. Participou na formação do grupo “Os Insubmissos” (1889) e cimentou carreira jornalística no “Correio da Manhã”, entre outros jornais e revistas, além de integrar diversos movimentos de renovação literária, incluindo o “Seara Nova” com Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e outros. “Nefelibatas” e “Geração de 90” foram também grupos em que participou, mas a sua tendência para se isolar abafou em grande parte o talento, sendo amiúde visto como um incompreendido.

Após uma vida passada entre o Porto, Guimarães e Lisboa, faleceu na capital a 5 de dezembro de 1930. A então Rua da Bela Vista, onde nasceu, ostenta hoje o seu nome.